quarta-feira, 27 de julho de 2011

O ÍNICIO

Há aproximadamente 10 anos sai do meu consultório localizado, na época, na Vila Madalena, rumo a Santos. Sai tarde, mais de nove da noite. Chovia demais. O transito se arrastava. As buzinas insistentes congestionavam minha cabeça. Andar com os vidros fechados e nem um metro a cada 20 minutos ou meia hora iam gradativamente, mas em escala exponencial me irritando. As pessoas sem paciência buzinavam a esmo, como se o som do barulho chato aumentasse a velocidade dos carros.
Já estava chegando na estrada, que alívio. O sinal fecha. Paro rente a faixa. Ninguém atravessa. Os segundos do farol, tornam-se horas. De súbito uma mulher empurrando em carrinho próprio seu bebe atravessa a pista. Estou parado. Contemplo a chuva forte molhando a criança e a mãe. O sinal abre. Uma buzina estrondosa e intensa, sem interrupção vem em minha direção. Traduzo os sons sem palavras como xingamentos. “o idiota! Anda logo com esse carro!”......”passa por cima dessa cretina”.....Desci do carro, bati a porta com raiva e fui em direção ao autor do buzinaço. Comecei a gesticular e gritar palavras que não me lembro, chutei o pneu do veículo. O motorista se encolheu, fechou o vidro e acenou como quem pede desculpas. Respirei e me acalmei. Entrei no carro e parti. Senti-me um herói. Pensei se todo mundo fizesse isso não viveríamos em um mundo tão egoísta. Sensação de vitória. A estrada ganha corpo. A adrenalina baixa e a ficha cai. Que bobagem. Podia ter morrido. Podia ter matado. Que droga essa não é minha natureza. Não quero ser assim. Desde esse dia evitei a todo custo dirigir. Comecei a planejar a minha vida para não depender de carro. Descobri a bicicleta e a partir desse post é isso que quero contar, o dia a dia de um dentista que se locomove a bordo de uma bicicleta. Sejam bem vindos.